Muitas crianças apresentam dificuldades escolares. Não conseguem boas notas, tem dificuldades com as tarefas que levam para suas casas, ou mesmo as realizadas em sala de aula. Os pais e os professores se preocupam e muita vezes oferecem um maior apoio para essa criança, a qual com esforço e dedicação consegue ter uma evolução no processo de aprendizagem.
Entretanto as vezes nos deparamos com aquelas crianças que apesar de todo o suporte oferecido (pais, professores, aulas particulares, psicopedagogos…) e de toda a dedicação e esforço próprio, não conseguem acompanhar o restante da sala, ficando sempre em um nível discrepante do resto do grupo e muitas vezes passando por recuperações e mesmo reprovações.
Muitas delas podem já estar desanimada com todas essas dificuldades encontradas, estando inseguras, ansiosas, desmotivadas e muitas vezes procurando fugir e se esquivar das tarefas escolares. Nesses casos algumas pessoas dirão que é preguiça e falta de vontade da criança.
Mas porque isso acontece?
Em alguns casos não se trata apenas de uma dificuldade escolar, mas sim de um Transtorno Específico de Aprendizagem, nesse caso a criança apesar de todo o esforço e ajuda recebida nos últimos meses, ou as vezes até anos, não consegue acompanhar seus pares, ficando significativamente em defasagem. Como defesa a criança muitas vezes altera seu comportamento, desenvolvendo um padrão mais ansioso, irritado, inseguro, desmotivado, sendo esse as vezes um sinal de defesa da criança para não encarar essa situação tão sofrida para ela que é o processo de aprendizagem.
Nesses casos a dificuldade vai além, não sendo resolvida apenas com um maior apoio e suporte de pais e profissionais.
Mas como identificar qual é o caso de cada criança que apresenta dificuldade escolar?
É necessário passar por uma avaliação com profissionais especializados. A avaliação neuropsicológica é de grande ajuda nesse caso. Passando por uma avaliação completa e bem estruturada, poderá ser possível verificar as facilidades e dificuldades da criança, conseguindo entender a queixa apresentada, levantando uma hipótese diagnóstica com orientações para intervenção.
O transtorno específico da aprendizagem é um transtorno do neurodesenvolvimento com uma origem biológica que é a base das anormalidades no nível cognitivo as quais são associadas as manifestações comportamentais. Uma característica essencial do transtorno são dificuldades persistentes para aprender habilidades acadêmicas fundamentais, com início nos anos de escolarização formal. Habilidades acadêmicas básicas incluem leitura exata e fluente de palavras isoladas, compreensão da leitura, expressão escrita e ortografia, cálculos aritméticos e raciocínio matemático. Transtornos específicos da aprendizagem perturbam o padrão normal de aprendizagem das habilidades acadêmicas; não constituem simplesmente uma consequência de falta de oportunidade de aprendizagem ou educação escolar inadequada. As dificuldades de aprendizagem são persistentes e não transitórias. Em crianças e adolescentes define-se persistência como um limitado progresso na aprendizagem durante pelo menos seis meses apesar de ter sido proporcionado ajuda adicional em casa ou na escola.
Uma segunda característica chave é que o desempenho do indivíduo nas habilidades acadêmicas afetadas está bem abaixo da média para a idade. Outro inidicador clinico é a evitação de atividades que exigem habilidades acadêmicas. Uma terceira característica central é a de que as dificuldades de aprendizagem estejam prontamente aparentes nos primeiros anos escolares, na maior parte dos indivíduos. É necessário que as dificuldades de aprendizagem sejam consideradas “específicas” não sendo atribuíveis a deficiências intelectuais, a atraso global do desenvolvimento, a deficiências auditivas ou visuais, ou a problemas neurológicos ou motores.
Taiana Carina Henrique
CRP 06/100916
Psicóloga Comportamental
Neuropsicologia
Especialista em Psicologia Hospitalar