Por muito tempo se associou a ideia de velhice com um idoso frágil, tinha-se em mente o idoso como sendo uma pessoa sem dentes (uso de dentaduras); sem controle de esfincteres (uso de fraldas); com dificuldades cognitivas (sobressaindo a falta de mémoria); andando devagar, corcunda e de bengala; tomando muitos medicamentos; e sempre dependente de cuidadores (formais e informais). Hoje pode-se observar mudanças com a utilização de estratégias que podem mudar esse cenário, sendo assim. encontramos idosos (+60 anos) com o fenótipo diferente da descrição anterior. Idosos com saúde, autonomia (capacidade de tomar decisão) e independência (capacidade de realizar uma tarefa sem auxílio) e com poucos agravos no modo de vida.
É claro que essa mudança de visão do esteriótipo do idoso tem relação muito próxima com os estudos que são realizados para compreender o processo da população e modificar os fatores que levam aos problemas de saúde. A Fragilidade é um fator que chama muita atenção, ela tem carácter multifatorial, e se refere a interação de fatores biológicos, psicológicos, cognitivos e sociais. É importante estar atendo o quanto um fator pode afetar outro, uma vez que estamos nos referindo a uma pessoa.
Dra. Linda Fried e seus colaboradores (2001) introduziram a terminologia e o conceito da ‘Síndrome do Idoso Fragilizado’ (SIF), sendo que a fragilidade seria consequências de alterações orgânicas que resultariam problemas de saúde associados com a idade. Essa definição indica o “fenótipo” de fragilidade do idoso, podendo ser observado pela perda de peso não-intencional, diminuição da força de preensão palmar, fraqueza, baixo nível de atividade física e baixa velocidade de marcha. A partir do momento em que o idoso é acompanhado por um médico, este pode clinicamente observar/acompanhar tais características, e indicar formas de intervenções apropriadas para cada caso.
Ressalta-se que muitos estudos tem mostrado que a fragilidade vai além do declínio físico, ela vem acompanhada do declínio neurocognitivo e de aspectos associados à saúde mental (depressão, ansiedade, demências). Destaca-se também que os estudos tem evidenciado que a fragilidade física vem em grande parte das vezes acompanhada do Comprometimento Cognitivo Leve (CCL), que é caracterizado pelo estado intermediário entre o envelhecimento cognitivo normal (caracterizado principalmente por perda progressiva de memória) e a demência. E como foi dito anteriormente um fator pode afetar o outro. Um idoso com o cognitivo alterado desfavorece o autocuidado, a autopercepção e a automedicação (quando necessária) levando ao agravamento de outros aspectos de saúde.
Então, é importante compreender que a fragilidade se apresenta por meio de múltiplas características, isto é, pela somas de déficits. Desta forma pode-se compreender o porque da necessidade de se cuidar desses declínios, já que um pode propiciar o aparecimento e o agravo de outro levando a um efeito cascata. A preocupação é que esses adoecimentos acarretem na perda de bem estar e qualidade de vida.
Pode-se concluir, então que esses indicadores são de extrema importância quando se pensa em ações de promoção e prevenção de saúde de idosos, visto que se pode fazer intervenções para diminuir os riscos de incapacidades, mudando esse panorama. A atuação em equipe multiprofissional (podendo fazer parte da equipe: médico geriatra, neurologista, psiquiatra; psicólogo; fonoaudiólogo; terapeuta ocupacional; fisioterapeuta; educador físico; nutricionista entre outros profissionais) é de suma importância na identificação das fragilidades podendo ser manejadas e diminuindo os agravos.
Dra. Adriana Said Daher Baptista
CRP 06/41353-6