É imprescindível observar de perto os filhos para identificar mudanças no comportamentos e, sobretudo, monitorar o uso da internet e das redes sociais. O tema, dizem os especialistas, não deve ser tratado como tabu. É preciso conversar com os adolescentes sobre os perigos que rondam a internet e as consequências do jogo.
A professora da PUC-Campinas e psicóloga Rita Kather explicou que essas recomendações para as famílias são importantes, pois os adolescentes são muito vulneráveis aos estímulos externos.
Rita explica que não é o jogo que desperta o lado suicida nos jovens e diz que para entrar ou não na brincadeira depende da fragilidade do momento de um adolescente. “Não só os adolescentes que tenham algum traço de trastorno mental que são vulneráveis a isso. Cada um de nós tem uma fragilidade em um determinado momento, podemos nos tornar vulneráveis a essas mensagens e jogos” , explicou.
O que começou como uma ameaça distante, tomou grandes proporções na última semana quando a Polícia Civil de oito Estados brasileiros (SP, PR, MG, MT, PE, PB, RJ e SC) passaram a investigar casos de mutilação e suicídio suspeitos de ter relação com o jogo.
Depois de postar em sua página no Facebook a frase “a culpa é da baleia”, um adolescente de 17 anos tentou se jogar do viaduto sobre a Rodovia Marechal Rondon, em Bauru, no Interior Paulista. Trata-se de mais um caso que envolveria o jogo, que impõe missões aos participantes, como ficar 24 horas sem dormir, ouvindo uma música específica e se cortar, e termina com o suicídio.
Há motivo para preocupação, sim. No Brasil, 1 em cada 10 adolescentes de 11 a 17 anos acessa conteúdo na internet sobre formas de se ferir. Dados do Centro de Estudos Sobre Tecnologias da Informação e Comunicação (Cetic) revelam ainda que 1 em cada 20 jovens pesquisam sobre como se suicidar.
A pesquisa do Cetic, que analisou 19 milhões de internautas brasileiros, mostra o avanço das buscas desse público por mutilações (11%) e mortes (6%) no universo on-line. Os casos mais recentes envolvem o Baleia Azul.
Envolvimento e determinação
A psicóloga Rita Kather é enfática ao afirmar que os pais têm que ter voz ativa com os filhos e que muitas vezes banalizam os jogos que incitam a violência. “Os pais têm que acompanhar e legitimar a compreensão o quanto esses jogos virtuais são ou não nocivos para eles. Tem que existir uma seleção nesses jogos, para que possam não ter esses prejuízos que vão até as atitudes mais graves como é essa do suicídio, além dos jogos que estimulam a violência” , ressaltou.
O que muita gente tenta entender é o que levaria uma criança ou adolescente a entrar numa ‘brincadeira’ que a leva a se mutilar e matar. A psicóloga Marina Stahl Merlin diz que existem várias razões que podem explicar esse interesse. “Por exemplo, a busca de sensações intensas, busca da superação de um medo desconhecido ou superação de um desafio, sentimento de valorização frente seu grupo de amigos, já que as atividades são filmadas e registradas” , disse.
Ela afirma que estudo realizado no Brasil identificou que crianças e jovens com transtornos mentais (depressão, ansiedade e hiperatividade) e que são usuários de drogas e álcool apresentavam maior tendência a buscar esses jogos. “Para impedir que as crianças e jovens busquem esse tipo de ‘brincadeira’ é importante estar atento a sinais de que algo não vai bem. Paralelamente, informações a respeito do risco dessas atividades deve ser abordadas e discutidas”, afirmou.
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