O que é?
O Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é um transtorno neuropsiquiátrico, que envolve tanto alterações neuroquímicas quanto alterações de comportamento, que são manifestados a partir da dificuldades da atenção, inquietação e comportamentos impulsivos. Também pode ser conhecido como Déficit de Atenção e Hiperatividade (denominação dada pelo Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – DSM IV em 1994) ou como Transtornos Hipercinéticos (nomenclatura utilizada pela Classificação Internacional das Doenças – CID-10 desde 1997). A versão mais recente do DSM (DSM 5, 2014) utiliza a sigla TDAH, incluindo-o dentro dos transtornos do neurodesenvolvimento, por ser entendido como um transtorno cujos níveis de desatenção, hiperatividade e impulsividade são inconsistentes com a idade.
Quais são as causas?
A causa do TDAH é neuroquímica, e, portanto, se relaciona com o mau funcionamento de alguns circuitos cerebrais. Apesar do TDAH não ser causado por problemas emocionais ou ambientais ele pode se agravar em condições estressantes. Da mesma forma, o ambiente pode atenuar os sintomas, sendo que ambientes mais favoráveis (estruturados, com rotinas, que estimulam o enfrentamento das situações) podem facilitar a vida dos portadores de TDAH por estimularem a aprendizagem de hábitos compensatórios ao longo da vida.
Quais são os sintomas?
A desatenção e a hiperatividade/impulsividade são os sintomas principais deste quadro clínico, que pode ser classificado de acordo com a predominância de sintomas presentes. Neste sentido, o portador de TDAH pode apresentar: 1) sintomas predominantemente desatentos; 2) predomínio de sintomas de hiperatividade ou impulsividade; ou 3) apresentação combinada, quando a frequencia de sintomas desatentos e hiperativos/impulsivos são igualmente encontrados.
É necessário classificar a gravidade dos sintomas em leve, moderado ou grave. Tal classificação é feita de acordo com os prejuízos causados pelos sintomas na vida do portador, e são essenciais para a escolha terapêutica.
De acordo com o DSM 5 (APA, 2014) os sintomas do TDAH devem estar presente desde a infância (antes dos 12 anos de idade) e devem estar presentes em dois ou mais ambientes (como em casa, na escola, no trabalho, com amigos ou parentes, em outras
atividades), além de haver evidências claras de que os sintomas interferem no funcionamento social, acadêmico e/ou profissional, de forma a reduzem sua qualidade de vida.
A lista de sintomas são:
Desatenção
- Não presta atenção em detalhes ou comete erros por descuido em tarefas escolares, no trabalho ou durante outras atividades;
- Tem dificuldade de manter a atenção em tarefas ou atividades lúdicas;
- Parece não escutar quando alguém lhe dirige a palavra diretamente;
- Não segue instruções até o fim e não consegue terminar trabalhos escolares, tarefas ou deveres no local de trabalho;
- Tem dificuldade para organizar tarefas e atividades;
- Evita, não gosta ou reluta em se envolver em tarefas que exijam esforço mental
prolongado; - Perde coisas necessárias para tarefas ou atividades;
- É facilmente distraído por estímulos externos;
- É esquecido em relação a atividades cotidianas;
Hiperatividade e Impulsividade
- Remexe ou batuca as mãos ou os pés ou se contorce na cadeira;
- Levanta da cadeira em situações em que se espera que permaneça sentado;
- Corre ou sobe nas coisas em situações em que isso é inapropriado;
- É incapaz de brincar ou se envolver em atividades de lazer calmamente;
- Age como se estivesse “com o motor ligado”;
- Fala demais;
- Deixa escapar uma resposta antes que a pergunta tenha sido concluída
- Tem dificuldade para esperar a sua vez;
- Interrompe ou se intromete.
É fundamental que a avaliação seja realizada por uma equipe especializada, já que tais sintomas estão presentes em pessoas com o desenvolvimento típico em graus de intensidade menor, ou ainda em vários outros problemas neurológicos e/ou psiquiátricos.
Quem pode apresentar?
O TDAH acomete tanto crianças quanto adultos. Estima-se que o TDAH acomete de 3 a 5 % de crianças. Antigamente acreditava-se que com o passar do tempo os sintomas do TDAH melhoravam, caracterizando uma melhora espontânea e que portanto, desaparecia na idade adulta. Atualmente sabe-se que o TDAH continua acometendo cerca de 60% dos adultos que apresentavam sintomas quando crianças, principalmente aqueles do subtipo desatento ou combinado, já que a hiperatividade e a impulsividade tendem a melhorar com o desenvolvimento.
Quais são os prejuízos?
Os prejuízos de quem tem TDAH são diversos incluindo problemas de comportamento, erros freqüentes no trabalho ou escola (ocasionando demissões ou repetições de ano escolar), desorganização, pouca produtividade, problemas de relacionamento interpessoais ou conjugais, problemas com gastos excessivos, perda de prazos entre muitos outros.
Os sintomas dos portadores de TDAH geram problemas de atenção, auto-controle e monitoração do tempo e organização. Fora esses problemas, estudos relatados pelo Russell A. Barkley em seu recente livro sobre atualizações em TDAH demonstram que portadores de TDAH apresentam mais problemas de saúde, educação, empregos, e outras áreas.
Quais são os prejuízos?
- 2.5 vezes mais problemas com sono
- 2.4 vezes mais riscos de apresentar problemas coronarianos
- 32% mais problemas gerais de saúde
Problemas Interpessoais
- 2 vezes mais divórcios e problemas familiares
- 4 vezes mais probabilidade de ter problemas de relacionamento
- 4.6 maior chance de se envolver em relacionamentos extraconjugais
Problemas Educacionais
- Falhas com notas são 15% mais comuns
- Suspensões escolares são 3 vezes mais frequentes
- Finalização de colegial e faculdade são menos frequentes
Problemas Profissionais
- 19 vezes mais problemas de comportamento no trabalho
- 52% mais mudança de trabalho
- 2-4 vezes mais dispensas de trabalhos
Qual é o tratamento?
O tratamento do TDAH é geralmente multidisciplinar, podendo variar de acordo com as necessidades de cada paciente. O padrão ouro para tratamento em crianças vem sendo a orientação aos pais em conjunto com a terapia comportamental para a criança treinar habilidades sociais, de organização e planejamento. Também pode ser necessária intervenção escolar. Quando o tratamento medicamentoso é indicado, deve sempre ser conjunto ao tratamento comportamental. Em adultos, o tratamento cientificamente mais eficiente é a combinação entre treino comportamental (coaching comportamental), treino cognitivo, além do uso de medicamentos estimulantes.