Hoje, a Alzheimer’s Disease International (ADI) marca o Dia Mundial da Doença de Alzheimer com o lançamento do Relatório Mundial de Alzheimer 2019: Atitudes em Demência. O relatório apresenta os resultados da maior pesquisa sobre as atitudes em relação à demência realizado até o momento – alcançando cerca de 70 mil pessoas de 155 países e territórios. A análise dos dados foi realizada pela Escola de Economia e Ciência Política de Londres (LSE).
Resultados da maior pesquisa sobre atitudes relacionadas à demência revela uma falta surpreendente de conhecimento sobre demência em todo o mundo, visto que dois terços das pessoas ainda pensam que a demência faz parte do envelhecimento normal e não que é uma desordem neurodegenerativa.
A pesquisa revela que o estigma que cerca a demência está impedindo as pessoas de procurarem informação, orientação, apoio e ajuda médica que poderiam aumentar drasticamente seu tempo e qualidade de vida para uma das causas de morte que mais vem crescendo no mundo. A previsão é de que o número de pessoas vivendo com demência passe dos atuais 50 milhões para 152 milhões em 2050.
PRINCIPAIS CONCLUSÕES:
Conhecimento
95% dos participantes acreditam que irão desenvolver demência durante sua vida
78% dos participantes estão preocupados quanto a desenvolver demência em algum momento
1 em cada 4 pessoas acreditam que não há nada que você possa fazer em relação a demência
2 em cada 3 pessoas acreditam que a demência é ocasionada pelo envelhecimento normal
62% dos profissionais de saúde acreditam que a demência faz parte do envelhecimento padrão
82% das pessoas fariam um teste genético para saber sobre seu risco de desenvolver demência
54% dos participantes acreditam que estilo de vida desempenha um papel importante no desenvolvimento da demência
Menos de 40% do público geral acredita que existem serviços comunitários adequados para pessoas que vivem com demência e seus cuidadores
Menos de 70% do público geral acredita que existem médicos competentes adequados para o diagnóstico e tratamento da demência.
Comportamento
Mais de 85% dos entrevistados que vivem com demência afirmaram que sua opinião não havia sido levada a sério.
Cerca de 40% do público geral acredita que médicos e enfermeiros ignoram pessoas com demência.
67% das pessoas que vivem com demência na África e 63% no sudeste da Ásia disseram que seus sintomas de demência foram ridicularizados por outras pessoas.
Entre 35% dos participantes nos países de alta renda e 57% nos países de baixa e média renda relataram serem tratados injustamente em namoros e relacionamentos íntimos.
Cerca de 30% das pessoas na Europa estão dispostas a ter uma pessoa com demência morando com elas, aumentando para 62% no Sudeste Asiático e 71% na região do Mediterrâneo Oriental.
Atitudes
91% dos entrevistados dizem que as pessoas não deveriam esconder o fato de terem demência e a grande maioria dos cuidadores não as escondem.
No entanto, cerca de 20% dos entrevistados manteriam em segredo seu diagnóstico ao conhecer pessoas.
A atitude de esconder a demência variou regionalmente – com o público geral na Europa (25,7%) e nas Américas (24,5%) relatando que manteriam sua demência em segredo. Os profissionais de saúde também relataram níveis mais altos quanto a ocultar na Europa (19%) e nas Américas (17,4%).
Os entrevistados que declararam que esconderiam seu diagnóstico ao encontrar pessoas eram mais altos na Rússia (66,7%), Polônia (57,9%) e Porto Rico (51,1%).
45% das pessoas que vivem no sudeste da Ásia e 48% dos profissionais de saúde da região acreditam que as pessoas com demência são perigosas.
60% das pessoas consideraram que era importante retirar responsabilidades de pessoas vivendo com demência.
Cuidadores
A maioria dos cuidadores expressou sentimentos positivos sobre seu papel de cuidar.
52% dos cuidadores disseram que sua saúde havia sofrido.
49% dos cuidadores disseram que seu trabalho foi afetado.
62% dos cuidadores disseram que sua vida social foi prejudicada.
Mais de 35% dos cuidadores em todo o mundo esconderam o diagnóstico da pessoa com demência
Recomendações
Realizar campanhas de conscientização de saúde para o público alvo.
Promoção de diagnóstico precoce e um melhor suporte após o diagnóstico.
Crescimento mundial de programas de apoio à pessoa com demência e comunidades inclusivas e amigáveis à pessoa com demência – com pessoas vivendo com demência e seus cuidadores no centro de seu desenvolvimento, implementação e avaliação.
Aumentar as campanhas públicas protagonizadas por pessoas vivendo com demência – amplificando a voz da experiência vivida.
Estimular o foco nas experiências dos Cuidadores – ao mesmo tempo em que promove a compreensão de suas experiências pessoais.
Educação especializada sobre o estigma relacionado à demência e à prática na abordagem do Cuidado Centrado na Pessoa para os profissionais de saúde.
Solicitar aos governos locais que aumentem o financiamento, o alcance e a qualidade dos serviços comunitários para pessoas que vivem com demência.
Mudanças nas políticas públicas relacionadas a emprego, saúde e seguro para pessoas vivendo com demência e seus cuidadores.
Adoção total de uma abordagem baseada nos direitos para a pessoa com demência, incluindo o cumprimento integral da Convenção dos Direitos das Pessoas com Deficiência (CDPD).
Aumentar a pesquisa financiada – tanto para um medicamento modificador da doença quanto para uma melhor compreensão do estigma. É de conhecimento a partir de doenças de grande estigma, como câncer e HIV-AIDS, que os avanços no tratamento médico podem ser um grande estimulo para a redução do estigma – e também é necessário compreender melhor o complexo papel que o estigma desempenha em toda a sociedade para que se possa enfrentá-lo e mudar corações e mentes.
Associação Brasileira de Alzheimer – ABRAz Nacional
São Paulo, 21 de setembro de 2019.